O secretário de segurança pública de Minas Gerais, Mário Araújo, esteve em Montes Claros para ouvir as demandas sobre a área rural e para oficializar a criação do conselho de segurança rural no município. De acordo com ele, o objetivo é estreitar o canal de comunicação com as estruturas governamentais responsáveis: Secretaria de Seguranca Pública, Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar.
Durante o encontro, o secretário reforcou que o Estado está em déficit financeiro sério. Ele explicou que não se pode fazer investimentos fora do orçamento, mas que a secretaria irá ouvir as sugestões dos produtores para que haja um bom planejamento e para que os recursos sejam aplicados de forma eficiente.
Durante o encontro, Mário Araújo contou que já recebeu ligações de pessoas interessadas em compartilhar a experiência de Uberaba com os norte-mineiros. "Quero levar essas soluções a todos os pecuaristas mineiros que queiram resolver o problema da segurança pública", afirmou.
"Nós temos um lado, o lado da população. queremos diminuir o espaço dos malfeitores, mas não basta a força de vontade. É necessário recurso financeiro para aplicar as ações". De acordo com ele, em uma comparação entre os primeiros semestres de 2018 e 2019, houve uma reducao de 18% nos homicídios e 30% nos roubos consumados. "Vamos melhorar a integração para alcançar melhores resultados", garantiu.
O responsável por apresentar as demandas e as sugestões foi o coordenador do movimento Paz no Campo, João Damásio. Para ele, a segurança pública é prioridade de todos na sociedade. Ele explicou que a criação de comissão será de extrema importância para alcançar os resultados. "Nosso trabalho é desenvolver um plano de segurança rural. Queremos que a PM veja em nós um parceiro na realização do trabalho", afirma.
Uma das ações apresentadas por João foi a implantação de um sistema de monitoramento de câmeras, que já será discutido no próximo encontro. "Já foram feitos orçamentos e vamos precisar da orientação da polícia para identificar os pontos estratégicos", explicou. Ele falou, ainda, que existem falhas no atendimento pelo 190, e sugeriu que haja um telefone nas viaturas das patrulhas rurais. "Assim, poderemos falar diretamente com o militar que está em serviço e, principalmente, evitar deslocamentos desnecessários da PM", contou.
João Damásio destacou a importância do diálogo com as comunidades das rotas da Patrulha Rural. "É preciso levar a polícia para perto da comunidade para aumentar a sensação de segurança. Podemos criar pontos de apoio, com banheiro e locais para almoçar nas comunidades rurais. Acreditamos que esse suporte seja necessário para que as coisas possam fluir", afirmou.
O coronel Wanderlúcio Ferraz e o tenente coronel Rômulo Gonçalves reforçaram a importância do empenho da comunidade para que a iniciativa traga resultados. "As pessoas tem que querer, de fato, participar de forma contínua, adotar medidas de autoproteção. O estado pode muito, mas não pode tudo. Nossa região é grande e os recursos sao limitados, entao precisamos investí-los da melhor maneira possível", avaliou Rômulo.
De acordo com o delegado Jurandir Rodrigues, as limitações existem e a Polícia Civil busca apoio da sociedade para reduzir os problemas. "Trabalhamos com informações, e quem as detém é a população", lembrou. Jurandir também aproveitou para parabenizar os produtores pela iniciativa de instalar o sistema de monitoramento por câmeras, que irá auxiliar tanto a PM quanto a PC.
Outro parceiro importante para o combate ao crime no campo é o Corpo de Bombeiros Militar. O coronel Fernando Augusto Alves Ferreira avaliou de forma positiva a iniciativa de integrar a força de trabalho, e lembrou que a maioria dos focos de incêndio são causados pela ação do homem. "É preciso, também, buscar apoio dos parlamentares da região. Entretanto, independente das dificuldades, estamos em condições de dar total apoio para a prevenção de incêndios. Da mesma forma que são feitos os treinamentos para as empresas, podem ser oferecidos também a comunidade", destacou.
Observatório da Criminalidade no Campo
Em 2018 a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil – CNA, por meio do Instituto CNA, criou um observatório para acompanhar o aumento da criminalidade no meio rural. De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Montes Claros, entidade oficial de representação da classe, embora a criminalidade nas cidades tenha mais visibilidade na mídia, o crime, em especial o furto e o roubo à mão armada, cresceu nas propriedades rurais. "O produtor rural está tendo dificuldades para encontrar, inclusive, mão de obra que esteja disposta a permanecer no campo. A criminalidade assusta e intimida, e coloca em risco não somente os bens materiais, mas, principalmente, a integridade de nossas famílias e funcionários", explica.
Ele reforça que, além de registrar as ocorrências junto à autoridade policial, o produtor rural também pode e deve denunciar as ações criminosas no site da Confederação. "Os dados do produtor rural e da propriedade serão mantidos em sigilo, e o Sistema Sindical Rural pode, por meio das informações cedidas pela classe, apresentar demandas e sugestões aos parlamentares", finaliza.